Justiça Poética

a justiça poética é geométrica. remoinhos concêntricos, diâmetros das acções, equivalências de simetria. um passo em frente é como se só caminhássemos para trás. não são assim as parábolas? não existem quadrantes esbranquiçados na realidade. as suas construções 3D são aleatórias, descentradas, ao deus dará. já o poético são peças de puzzle 2D recortadas para encaixar, pertencer e estabelecer uma direcção de superfície. o relativo sobre o absoluto. onde o absoluto é o real, actual, e o relativo um espaço, uma peça que sendo parte, não faz parte. uma ex-parte que comprova e aprova. o rio transborda com minúcia o seu caminho. o escrito segue um rio de tinta para desaguar num ponto final perspectivo. afirma-se a cada letra. a forma é exterior à nossa configuração. mas fomos formados em criação. fomo-nos formando em evolução. há uma noção reflexiva e ao mesmo tempo distorcedora da forma como espelho. é molde poético.

se um sistema de axíomas matemático apenas reconhece o seu estatuto quando constituído por parte matéria-negra, desconhecida: o poético terá sido a primeira anti-matéria dos povos. uma arma destas dimensões deve ser preservada, tratada com tenuidade. a justiça poética, como a geometria, organiza a vida em formas, categoriza a realidade em moldes que lhe são interiores e inferiores em colinearidade. a latitude de um, a altitude de outro: a profundidade do que é.

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