Apetite pelo Nada // Baudelaire

Esfriado espírito, espantado amoroso pela luta,
O esporão da Esperança que acendia esse ardor,
Já não te quer montar! Vai, então, deitar-te,
Velho cavalo de pés que acertam em cada obstáculo.

Resigna-te, meu coração; dorme o teu sono, selvagem.

Espírito exausto e vencido! Para ti, velho saltimbanco,
O amor já não tem gosto, não tanto como a disputa;
Então adeus, cantos metálicos, suspiros de flauta!
Não tenteis de prazeres mais um coração aborrecido!

Adorável Primavera que perdeu o seu odor! 

E o tempo engole-me minuto a minuto,
Como a imensa neve pesa sobre um corpo;
Contemplo de alto as redondezas do globo
E não procuro mais o abrigo de uma cabana.

Podes, avalanche, levar-me com a tua queda?

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