Bárbaro // Rimbaud

Passados os dias e as estações, os seres e os continentes,
A bandeira encarnada sob a seda marítima e as flores árticas (das que não existem.)
Livre das velhas fanfarras do heroísmo—que ainda assolam o coração e a mente—longe dos velhos assassinos.
Ó! A bandeira encarnada sob a seda marítima e as flores árticas (das que não existem.)
— Ternura!
Das lareiras chovem rajadas de gelo, — Ternura! — fogos à chuva no vento de diamantes, cuspidos pelo núcleo que eternamente carbonizamos. — Ó mundo!
(Longe dos velhos retiros e das velhas chamas, ainda ouvidas, ainda sentidas,)
Fogo ardente e espuma. A música contorna os abismos e as colisões entre os astros no gelo.
Ó ternura, ó mundo, ó música! E lá, todas as formas, os suores, as cabeleiras e os olhos a flutuar. E as lágrimas brancas, efervescentes, — ó ternura! — e a voz feminina chega à profundeza dos vulcões e das grutas árticas.

A bandeira...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Furacão de Esmeraldas

Antígona de Gelo