O Todo

Foi só preciso ouvir o cartomante,
Para assinares o pacto inadvertido:
Deste ouvidos por um lavagante,
E o Ideal da Beleza foi corrompido.

Entra a carta do Diabo pela janela,
Numa noite, a meio da vigília,
Ondulando sobre a secretária,
E abre a boca para dizer
"Vou-te contar, vais ficar a saber:
Como é que, entre tudo o que é Belo,
Podes adivinhar o dom do seu encanto.
Como é que entre o carnal e o divinal
Se formula a magia do prazer.
Queres saber qual é a obra mais doce?"

E agora podes responder, aborrecido:
"Se na Natureza tudo é rígido,
Nada existe com menos densidade.
Se na Natureza tudo desabrocha
E consola com o abraço da Noite;
Se na Natureza a harmonia é lei
Que preside à Beleza do conjunto,
Haveria alguma impotente análise
Para detectar os intrépidos acórdãos?
Se na Natureza tudo me rapta,
Metamorfose mística dos sentidos n'Um,
Então ignoro a partícula que me seduz.
Ela expira música. Ela canta perfumes!"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Furacão de Esmeraldas

Antígona de Gelo