masquerade.

"here's my formal invitation, you and me go masquerading."

bem vindos ao baile de máscaras, a entrada requer, precisamente, o uso de uma. deixemos os medos de fora, escondamo-nos por detrás de pedaços formados, máscaras de porcelana, invejemos Prospero e seu luxuoso castelo, chamo Poe para explicar porquê. deixemos a morte de fora, o luto e tudo o que é sinistro, pois este mundo é luminoso excepto na parte das danças apaixonadas. agarremo-nos aos nossos pares e dancemos a primeira música para depois pretendermos festejar com aqueles que entre-olhamos.

bem vindos ao nível 2, à busca bizarra pela aceitação que passa por vários enredos. bem vindos à fase em que os sonhos estão dentro de sonhos, bem vindos ao baile de máscaras em que nos juntamos ao desconhecido e fazemos alianças negras por reconhecimento e protecção. "costas quentes", diz-se, é o que se quer no início de uma vida de fama, fortuna e o que mais vier.

bem vindos a um sítio onde a nossa máscara deve ser a mais elaborada, pois as piores máscaras são troçadas e postas de parte, escolaçadas a um canto, enchem-se de pó, não ignoradas - antes fossem. aqui onde os sonhos exteriores têm de ser os mais trabalhados e os mais falsos, mais sabotados para  os interiores (essa coisa que neste mundo é horrível) serem exilados e nunca mostrados, um pouco de interioridade e lá se vai o vosso futuro.

vermelhos vestidos e negros smokings rodopiam e iludem, fumos sobem pelas paredes e o baile toma uma forma deformada misturando tudo isto. as máscaras permanecem imóveis nas caras de cada um, excepto nas dos desistentes que se encolhem aos cantos, sozinhos mas em grupo, mãos levadas à cabeça que está entre as pernas. os outros dançam sobre os seus cadáveres.

bem vindos ao sítio onde sempre quiseram estar, ao baile de máscaras onde procuram obter reconhecimento, onde agora rastejam e imploram pela piedade dos entes superiores que vos escolaçaram até que algum se mostre misericordioso, juntos irão juntos para uma sala, conversa privada, assinam o contracto e aqui tens o dinheiro em troca da tua alma, és agora uma marioneta, um cão obediente, pensas adquirir mundo quando nunca passarás do segundo plano.

és agora um ponto no teatro da vida, dizes as falas, corriges os actores, ajuda-los no seu sucesso e quando vês alguém dirigir-se a ti, tiras uma caneta, aprontas-te a dar o teu autografo quando só querem o da sua estrela, atrás da qual te escondes.

todos vivemos perdidos no mundo, para onde quer que olhamos vemos mais redundâncias surgir. muitos de nós não fazem as escolhas certas, seguem caminhos errados, são levados pelo orgulho.

"(...) uma filosofia (...)"


"I'm not one to scatter ashes."

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