Memorando da Mentira.


Esta é a minha história, pode sempre ser a última chance da contar.

10. O Céu., ...
Houve um tempo em que me senti rei. Tudo à minha volta pareciam coroas na minha cabeça. Uma história escrita pela primeira traição da minha única deusa: a Sorte. Eu quero escrever uma nova história, um renovar de tudo o que começou e podia não ter acabado. Todas as histórias têm de ter um fim.

Ponto Zero. 
Eu vivia nos Diamantes Unidos do Caos, um coração para vários mundos, de energia infinita de amor e sem conflito. Paz, é o nome correcto. Vivi aí, num mundo de festa e concórdia. Mas as histórias não são mais que meros pontos negros prontos a escurecer a vida de quem quer que seja. Promessas, com ou sem nexo, e a partir delas vi o mundo desabar sobre os meus ombros.

1. Prisão.
Pirâmide, todos os feitiços e maldições viviam em mim e comigo. Exilado por ter suposto amar. Foi a mentira mais valiosa que me trouxe a ti. A ti e a este poço morto. Não importa o quanto a noite é escura, com o raiar da primeira aurora, há luz e um recomeçar para todas as jornadas.

2. Julgamento Religioso.
Por ter fugido, mentido e tentado proteger o que mais amava... os Santos Ofícios dos Diamantes Unidos do Caos condenaram-me. De alguma forma divina, tu foste para sempre uma distância. Não obtive o perdão e chorei aos pés de quem tinha por certo.

3. Negação dos Diamantes. 
Mesmo eles me jogaram na masmorra. Supostos amores foram juris de toda a devassidão que me cresceu nas veias. Tornei-me numa substância tão nojenta como o petróleo mas sem o seu valor. Toda a gente já perdeu algo precioso, todos já perderam lares, sonhos e amigos. Os amigos que perdemos e os sonhos que desvaneceram... não os esqueçam.

4. Auto-Condenação.
Sabes, quando manténs em ti realidades conflituosas... começas a questionar a tua própria sanidade. E o resultado de toda esta distorção não é saudável. Não há nada mais louco que ver e não acreditar, mas o pior castigo é saber e não poder fazer nada. 

5. As Memórias.
Rezei por uma berma, mesmo no troço mais distante de madeira num mar de remorso. Perdi-me em pensamentos e memórias messiânicos, perdi-me em mim mesmo. É a tua memória que me acorrenta à incapacidade. É a chave que não abre mas fecha. E nunca aprendi que: as memórias são doces, mas é tudo o que são...

6. Julgamento de Néon.
Mesmo no limbo da realidade me julgaram. Alcancei a desesperança de chorar e não estar nem correcto nem errado. Só quem tenta pode ser, e por muitas tentativas, não alcancei a liberdade. O meu objectivo podia ser a minha vitória, mas os obstáculos opuseram-se à minha vontade.

7. A Culpa.
Era o que podia fazer. Era a única escolha. Desisti. Aceitei. Acreditei. Permiti que fosse verdade. Pensei que fosse capaz de viver com isso, sem nunca duvidar de mim... mas magoou tanto. Não tínhamos escolha escolha. Nunca tivemos escolha, foram as nossas palavras mágicas, repetimos tantas vezes e a magia nunca funcionou, só ficou o vácuo do arrependimento.

8. Regozijo da Vingança.
Jurei a mim mesmo deixá-los no estado em que fiquei. A morte pode ser apenas um sono harmonioso. Deixá-los crer nas suas próprias histórias, e que um dia venha a ser eu quem tem o seu próprio e pessoal final feliz. Um sítio onde eu poderia ganhar. Mas foi tudo demasiado tarde.

9. Escadas do Paraíso.
Sete meses de sangue até à porta que me poderia liderar a outro sonho. Zelem os anjos para que os últimos passos sejam firmes, que consiga entrar onde quero, onde é a felicidade que me espera e não o contrário.

10. O Céu., ... 
... ou poderia ser, na verdade é uma ilusão de vida perfeita em que tenho tudo. Uma história que foi escrita pela primeira traição que a sorte me trouxe à vida. Não é azar, é uma fase. Para onde fui?

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