5 breves notas

bem / mal
Todos os fracassos que vivi ensinaram-me que não existe bem ou mal, melhor ou pior, mas apenas o poder da superioridade que nos estrangula na sombra. Na sombra lançada por detrás da luz daquele farol de esperanças; lançada pela porta que nos é fechada por aqueles que engolem a chave e as cópias. 

imortal / morto
Um dia falaram-me de alguém que nunca vi nem conheci - apenas ouvi. Parece que a morte filtra umas quantas características, inscreve na história os que mais traíram a nossa condição de animais. No fundo, traímo-nos a nós mesmos quando decidimos subir um pouco a nossa fasquia, quando nos considerámos homens.

moral
O complexo de superioridade inviabiliza bem e mal: vive-se acima da moralidade, do texto e pretexto público, no objectivo de manter um escadote-pedestal sob os nossos pés. Não há lições nem empirismos por experiência-erro, só perfeição ao nosso tortuoso nível.

fracasso
Por um fim, preciso de meios, e o meu narcisismo advém de cada momento em que não me servi a mim mesmo, de cada segundo perdido no pânico, na doença, na incapacidade humana de criar o meu próprio mundo, deixando de me adentrar a mim mesmo nessas horas. É a isso que chamo fracasso: ao animalesco momento de não criar, de sobreviver sem viver. 

acaso
serendipidade
Afinal, o que é uma luz ao fundo do túnel? Quantas acepções pode ter uma ontologia do fracasso? Viver é sorte - termo que, tal como acaso, decidi desinscrever da minha vida, preferindo, portanto -, é serendipidade; é a descoberta do existente no inexistente, da projecção do que é ser um ser humano, em tantos vícios e tão poucas virtudes.

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