Casa Assombrada

Lavo o tempo levado pela des-culpa,
Toda uma catarse química, uma economia corporal,
Um desejo de desvirgular as virgulas do nosso crepitar.

As árvores entravam-me sombrias pelas janelas,
A lareira parecia desmaiar lentamente de hipotermia.
Não sei se acabei só ou não: não sei se sinto a minha presença sequer.

Corpos dançam mecanizados num coma morto-vivo
Com abóboras ardentes em vez de cabeças,
Engoliram-me com as labaredas que cuspiam dos cigarros.

Fechei os olhos para me sobreviver, senti uma mão no não-sentir,
Esfreguei-a às minhas mortes tocantes, vi criação e inutilidade juntas:
Espero não te ter esfriado o sangue com o meu corpo obscurecido.

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