Pavimentar

Ninguém o questiona na sua menoridade. Ali está ele debruçado no chão a esculpir o caminho que um dia vai caminhar. Molda-o à sua medida e à medida humana: uma que todos possam pisar, de dimensões razoáveis e estáveis. É por aqui que um dia o céu vai dançar.

O cimento de pó cósmico, do suor das estrelas que já dançam, iluminadas pela solidão voyeurista da lua. O pedreiro, pedra a pedra constrói estrada que, quando seca, testa com os próprios pés: não fosse construir uma ponte sem outro lado, não fosse preguiça a segurar-se no próprio braço, crendo-o um ramo.

Finalmente, em orgulho e cansaço, o pedreiro cria o seu subvalorizado artefacto. A sua arte&pragma é ignorada. Resta-lhe o vazio e o caminho que a tantos próximos vai servir... mas no fundo só cumpriu a sua função. O caminho para o Inferno está cheio de valsas que os insignificantes compuseram para as galáxias.

"Transforma-se o amador na cousa amada"


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