1. Sabotagem

Num piscar de olhos.

Reparem como o homem tende a descrever riquezas. A desmultiplicar em parcelas adjectivais os compostos disto e daquilo. Atira o coração às coisas e fotografa as manchas de tinta. Chama-lhe arte. Mas este processo pode estar vectorialmente gangrenado.

Os quatro prados estão percorridos de tons de verde. A estrada é feita de tijolos dourados.

O que acontece, deveras, é que as coisas são violentamente arremessadas ao coração. Que no impacto esguicha sangue por todos os lados. Manchas inomináveis, irreconciliáveis às formas do mundo e das coisas.

Apesar de decorarem a realidade a bordados de ouro, a natureza permanece em mudança.

Se descrever é atirar o coração ao mundo, que segundo processo é este?, para além da vida? O que é, em escrita, em literatura, deixar o mundo contorcer o coração? A descrição pede objectividade, mas o coração é arremessado à coisa. Num movimento oposto, teremos subjectividade.

O autor levanta-se e segue pela estrada de tijolos dourados até à Cidade Esmeralda.

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