Furacão de Esmeraldas

"Inelutável modalidade do visível: Fecha os olhos e vê."
— James Joyce

Franqueei às ideias um facto: não era o que queria, nem o que imaginei, não é justo, nem consensual, é espantoso e fui eu que fiz. Um furacão de esmeraldas botânicas! — tintura das jóias, tecidos dos sonhos — giram as páginas do livro amarelo aberto e derrama-se um delta que ficou por beber.

Agora cospe ramos e ramos de rosas, voam os trajectos da cor dos dentes-de-leão e dos dentes dos lótus — senhores das próprias poses e do que está nos seus nomes. Os cactos do deserto numa constelação que toma a forma com que eu os esculpir! Mas, se fechares os olhos para ver, são, ainda (e porém), bolhas de sabão! As armadilhas de Vénus rebentam em fogos-de-artifício, cheias de água na boca!

Que mais pirotecnia se pode fazer? Ao fluorescente tufão, junta-se a neve de diamantes, absorvida pelo orvalho das carnívoras. Narcisos tiranos e vinhas sádicas que fluem em improvisados bouquets. Espanta-te a naturalidade com que brotam uns dos outros (e com que valores!) no ciclone? Pode ser que assim se lave o vermelho ao sangue, se remova o bélico ao belo, e se deixem as cores nas corolas e, enquanto processas, masca o gineceu destes cravos, que eu ainda não acabei!

Se podíamos curar a redenção com dróseras tropicais, mas preferimos as coroas de calvários... Não haverá rosa azul na era da técnica que te faça fechar os olhos e ver? Como é que te posso convencer que os teus sonhos têm sido uma vida que tens vivido de olhos abertos? É uma pena que só vejas os rebentos para que aponto — e como seria melhor se os sonhasses — o que te posso deixar é isto: mares de rosas.

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