Do Nada, Tudo

Encolhi-me e corri como um louco, fugi para aqui.

Escrevo escondido, debaixo de um cobertor, antes da mente, onde a nuvem turquesa não me pode apanhar. Ele são medos, ele são confissões, é a minha religião e sou eu. Vejo-o apoderar-se das minhas mãos, enfiar-mas pela boca e agarrar as palavras que colo ao cérebro, as que não quero dizer - e ao mesmo tempo é a minha cobardia.

É um usurário de teorias e sentimentos, espreme-me o coração de tudo o que é mau e bom, para uma mistura de cores fora do espectro lazulite. Como sempre, de fora. É difícil não ser quando somos para ser. No meio de um mar de lágrimas que banha o falso diamante gigante que é o meu imaginário - inexistente como tudo o que aqui existe. 

Encontrei gárgulas-angelicais que nunca tinha visto a guardar um portão: milhões de cadáveres flutuam apoiados em citações-bóias. Rosas, campas, cruzes - este é um cemitério sem chaves nem guerras, o dos arrependimentos, e lá no fundo um palácio-sepulcro, e a letras néon: CAOS. 

Sou controlado pela minha paradoxal morte, vivo de cadência escapando ao outro lado e já não estou em mim. Não comando o espírito da besta e o exterior é uma mentira.


A Azul, O CAOS. 

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