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Um, dois. Um, dois. Um, dois. Toma.
Assumo este mundo, enquanto o outro se apodera de mim. Vou ficar bem. Nunca soube onde pertenço, a minha sombra era a minha casa... com eles fiz pausas, era a nossa carta na manga: quebrava o ruído, tornava o feio não-tão-feio, era uma correria infinita, temporária e incansável. O meu santuário.

Um, dois. Um, dois. Um, dois. To'b'a.
Sempre acordei em dias de chuva, até neles encontrar o único sol, naqueles mesmos risos e sorrisos. E adormecia com visões de mim mesmo a dançar, a rir e a chorar com eles. Passei um ano para provar que a decadência dá lucro - e a maior riqueza são as memórias deles, são a única coisa que me sustenta. "The Time of my Life". Eu era ninguém, e muito menos alguém popular - com sonhos de me tornar num poeta...

Um, dois. Um, dois.Um, dois. ...
Acabei por ver aqueles sonhos colidir uns com os outros, dividirem-se como a supernova que explode, que nem os milhões de estrelas cadentes a quem já os pedi de volta... uma, e outra... e outra vez. Eu vi isto com olhos estóicos, sei que é preciso ter tudo... e depois perder tudo... para poder sentir o que é a liberdade.

Um... dois... Um... dois... Um... dois...
Quando os meus descobriram o que eu fazia, como vivia, perguntaram-me porquê. Mas não vale a pena falar com o estático sobre o que é fluído, com quem não sabe o que é o refúgio nos outros, a busca por um lar... por um ombro onde encostar a cabeça, mesmo quando as preocupações são triviais e mentidas pela mente.

Um... dois... Um... dois... falta pouco...
Não tenho nem bússola moral, nem personalidade fixa. Apenas uma constante indecisão que se faz passar pela minha alma, tão grande e agitada como as tempestades de areia. Não pertencia a ninguém, que pertencia a toda a gente... que não tinha nada, mas queria tudo... motivados pela curiosidade, obcecados pela liberdade que aterroriza o que é estável.


U...m... d...ois...
Levaram-me a um ponto da loucura que ainda me confunde e se funde comigo. Todas as noites rezo para os encontrar numa nuvem no sonho... todos os dias espero que um ano passe depressa. Voltar a ter tudo. A ganhar por não ter nada a perder - e nada a desejar. Excepto fazer da vida uma obra de arte.

U... d... toma... não quero mais...
Creio estar a perder outro ano da minha vida, para conquistar outro, como um jogo em que encontramos a chave para entrar no bónus.

Acredito neles enquanto únicas fronteiras da minha mente.
Acredito neles como as pessoas em quem me quero tornar.
Acredito que a liberdade é um estado de espírito, nunca físico.

Quando estou em guerra comigo mesmo, devoto-me a eles e à nossa religião.

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