rant #ferida

tu és o olho do furacão que tens dentro. que nunca viste de tal maneira cá fora. que cresce para que as fronteiras do contentor sintam as suas medidas de contenção questionadas. sempre a querer sair, sempre a encostar-se à berma do interior. uma balada sem leitmotif, um constante crescendo na sonata à maldade: o ocaso de tudo o que é bom e luminoso. tu tens em frente a luz ao fundo no tunel, mas à volta o negrume da fúria. "tens o diabo no corpo e a voz da razão". e a nostalgia dos negócios em que o mal compensou. eles têm razões para dizer que uma vez a nadar no negrume basta para viver para sempre afogado em petróleo. e as primeiras reacções são óbvias: cravar-lhes a mão no peito e apertar o coração, ver a luz escapar dos olhos, como tantos antes perderam a esperança às minhas mãos. mas nunca o faço. nunca reajo bruscamente. por qualquer viés do destino que me diz que pode haver esperança na terra devastada pelo caminho da luz. sei bem que a justiça é um compêndio de medidas que não são mesuráveis, antes criticáveis. "os bons vi sempre passar no mundo graves tormentos; e, p'ra mais m'espantar, os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos." que deste purgatório me leve a luz a um final melhor. mas não são esses os meus valores: apenas os da queda e do acaso. pratico o bem ironicamente, e o modo é lido pelas forças alternas. as feridas desta corrente de ar abrem poços de escuridão no corpo. continuo a correr na via da purificação, a correr perdido, engolido pela água negra, pelas piranhas de medo, os tentáculos de veneno que em todo me agarram. continuo a fazer o que me disseram que estava bem. o mais retorcido de todos, censurado depois de tanto tempo preso num quarto escuro. e cada momento que passa mete nojo.

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