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Poslúdio


a única demanda da vida, desengano de alma triste e cedo, é pela bússola do desejo. por um caminho decorado de plantas cobertas da cinza de um incêndio que passou demasiado perto. foi o incêndio que traçou este caminho, levou os lírios e partiu os vidros, rompeu o espelho e a bússola, deixou tudo no chão. a bússola está desfragmentada em madeiras e mercúrios, sob as pétalas destes lírios todos eles maus augúrios.

às labaredas que mancham de negro as paredes, ao incêndio que vimos por uma esmeralda. um brinde às frustrações das devoções, um palco para o egoísmo rodeado das cópias das cópias dos entes queridos. um palco medido a palavras, traçado a pena, sustentado por ideais. uma peça a sós, uma peça de nós, decorada de mim e por mim. às frustrações das devoções e à ironia que só faça falta o calor quando se não tem verão. aí os lírios podiam crescer e manter as aparências dos delírios deste espelho, cheio de pó. o pó acumulado por cima do espelho inútil. um reflexo que não ficou contente por isso.

ao tempo perdido no país das histórias que ficaram por se contar. e ao entusiasmo de encenar o lado de cima de toda a vida. de atingir o sucesso pela decadência. de encontrar o favor no que o contraria. e há um pedaço destes lábios que ainda sorri no final do dia. uma perfídia que nem a mim tolero. como se juntam os estilhaços de um espelho ardido e sem cola própria? como é que se monta uma bússola que nunca norteou e só empatou? quanto mais me aproximo do reflexo, mais me afasto e vice-versa. quanto mais objectivos, mais frustrados são. a vida é injusta para quem a pretende assim.

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