Os Repositórios

Temos um mau hábito muito grande: o de criminalizar outrém, ou reorganizar os cosmos.
Há em nós a constante culpa, um recalque ou atormento que nos transborda,
O líquido do reconhecimento escoa-nos cérebro abaixo, mente acima e perfura-nos a alma.
Como uma seta, e que seta, pois não sabemos mas existe, e se não, fazemo-la existir.

São os repositórios e a nossa condenação à tão temida iconoclastia,
Os pedaços de terra ou pedra a que, hereges rezamos, pela morte ou pela sorte,
Pela vergonha ou pelo deleite.
São os repositórios e neles o nosso deus, e nós mesmos,
Os nossos mitos, fados e religiões, na sua complexificação do simples,
Na sua simplificação do complexo.

E são os repositórios, com função dupla: a de deixar de ser a coisa para ser o mito,
Ou de ignorar o mito, para se cingir à condição de coisa.

Somos entes doentios, uma peste bastante nojenta, é isso que somos.

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