Divisão.

Os sonhos enganam-se facilmente...

Eis aqui, onde jazem memórias de luz e ondas,
Aqui onde guardas lágrimas, uma caixa a que chamas amor -
E vou tomá-las quando aqui voltar,
Um cemitério de ícones de presunção e pretensão.
Não permitas que as tuas lágrimas sequem para me implorares,
A distância vai segurar-te em asas e correntes prateadas.

Presta atenção às ilusões que crucificas,
E ao meu sangue que é o teu absinto vermelho.
Uma sombra da claridade, uma chuva de inércia,
Fronteira solitária entre a cama e um oceano de sofrimento.

Segreda-me agora o teu milhão de argumentos de fuga.
A tua abstenção é a minha obsessão.
Afogava-me na cama em sinal de vergonha,
Enterrei uma pasta cheia de memórias - tempo atrás tempo.
Esvazio as molduras enquanto a manhã não chega.
Beijo adeus às tristezas que passaram bons momentos comigo.

Um milhão de palavras, contudo nunca faladas, vão voar até ti, atravessar o tempo e a distância que te seguram - suspensa em asas prateadas. E um milhão de palavras são um milhão de confissões que te vão embalar e fazer com que toda a dor pareça distante. Vão segurar-te para sempre.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Antígona de Gelo

Furacão de Esmeraldas