Nojo Vivo.

És a doença que me proíbe de respirar, a cárie na brancura da verdade. Até mesmo todos os demónios que nunca consegui jogar fora. A sarjeta para que olho, o vómito que apaixona, a ebriedade de sentimentos.

O caos pergunta-me se existe outra obsessão neste sonho. O medo do frio que me abala e embala... fechar os olhos é o delírio de nunca conseguir acordar de ti. És nojo suficiente para me deixar doente. Nesta merda de sonho que vivo.

E nunca vou deixar a comatose. As memórias são feias demais para as pintar. E nada dói mais que este adultério de mentiras, este cemitério de verdades e enterrados vivos. Dorme. Dorme. Dorme. Não acordes. Dorme. Não é para sempre. É sempre.

Os gritos na cave desta solidão, obceco por saber se estás aqui ou não. E vejo-te espreitar como os cães que saltam por entre as grades. Eras a personificação da perfeição até te ouvir falar - tenebroso. Preso num paraíso de chaves, de letras que tudo diziam menos o que queria dizer.

Falsa pretensão, não fazes sentido, não te percebo. Sou um culpado em fuga e sei o que fiz, um culpado preso no perdão que não sabes dar. À procura de uma gota, um copo, um rio, um mar ou um oceano, alguém que me faça esquecer quem és.

O próprio protótipo de Deus, espécie de super-poderoso mutante, nunca sequer considerado para produção em massa. Demasiado estranho para viver. Demasiado raro para morrer.

És a demanda pela imortalidade. O mundo feito pela e para a morte. Desnecessário, sou um nojo vivo. À procura. À tua. És a minha imortalidade.


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