Lapsos.

O Homem morre. A besta cai. A planta perece. Até os continentes colapsam. Só a morte é a resposta para a vida. Uma única e derradeira finalidade para o estrondoso trauma que é não significar. A vida é um espelho por onde passamos, o reverso do nosso inverso é um fim. São estas as únicas verdades que devemos considerar e manter. Tudo o resto muda, tudo é uma esquizofrenia sonhada pela falsa esperança da miragem que é o objectivo.

Cordas e acordes... e acordou de um fumo para um novo sonho. Desvanece mais uma copa e os diamantes desvalorizam. Racionalizam-se facilidades e o tempo conta-se a si mesmo. O espaço é uma velha finitude. O espírito reside na galáxia e não em nós. Defino a liberdade como uma tirania, e a tirania como uma liberdade. Para nós, ter ideais é errado. Não há chave para o mundo a não ser viver o pedaço de caos puro, sem anestesias nem sedativos, que todos percorremos diariamente.

Desdenhando poder, ele ostracizou a projecção da comunidade e aprendeu a sua própria sociologia da fama e aversão. O sonho americano é uma mentira, a terra da liberdade e sucesso funda e afunda-se em desespero e cárceres. O meu cérebro banha-se em vómito e a palavra merda afoga-me. Não há esperança para os danados, apenas novas cruzes para sonhos niilistas.

Fugiu. A única escapatória ao ego é um símbolo mental de luzes e ondas - um onirismo. A psíque pega mediunicamente em percepções e reminiscências e transforma-as em utopias infinitas e vitalícias. Lar só existe onde o coração fica e o coração vive intrinsecamente ligado à mente. Assim se escapa ao sofrimento, fazendo a mente intelectualizar o mal e o medo e o coração viver o sonho, como um cofre almofadado onde guardar o sentimento. Chegam-me os cristais azuis com que idealizo e os roxos que reflectem a ebriedade para não me constipar nem deixar infectar pela metrópole.

Deixou-se apoderar pelo asco. Ao espelho vemos duas pessoas a nossa e a outra nossa, um animal e uma besta. Não é nenhum crime não querermos magoar ninguém e nos escondermos debaixo da capa do nosso super-herói, o animal exterior da besta interior. Mas a besta não se controla sem rédeas e, uma vez solta, a explosão mais radioactiva não a lacera, por outro lado a fúria cresce mais e mais. O ser humano bestializado esmaga os ossos em pó com pedras em forma de coração. Repulsão e regurgitação - uma casa de espelhos e fumos e bolhas de sabão, assombrações incluídas. À vingança sucede bonança.

É um medo e uma mentira e uma lágrima no olho - e normalmente, eu não choro.

Adormeceu como finalidade da chacina. Só quero dormir e viver a comatose do sonho, um casulo à verdade. Mas a realidade persuade-me a viver fora dela e ao mesmo tempo a nunca poder fugir. O rato do campo, na cidade, vive com a sua manha para sobreviver e bem. O ideal é mais um pequeno almoço para a verdade laxativa. A tua reflexão não deve ser uma exaustão. Se sentes rejeição, resguarda-te na tua protecção.

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