manifesto

Isto é uma manifestação em relação às razões pelas quais ainda me dou ao trabalho de escrever.
Sinto algo heróico na forma como as pessoas que me lêem não comentam, tão ignorantes quanto à minha personalidade, tão sublimes, tão bons e assíduos leitores. Como Deuses e Deusas que lêem a história dos seus mundos qual noticiário da hora de almoço. Tanto vejo esse acto heróico como um desinteresse pela minha pessoa, como também por uma inalcansável perfeição de sua parte... digo, eles são perfeitos.

O que quero mesmo dizer é que não sei o que escrevo sem receber opiniões, tanto posso ser o melhor como posso não valer nada. Vejo-me como um coleccionador de palavras, um péssimo... ou o melhor. Mas quando sou o pior, sei que o que escrevi não foi bom e quando escrevo bem, sei que valeu a pena. Mas o facto é... as pessoas lêem o que eu escrevo e tem de haver algo chamativo no que escrevo para voltarem para ler mais quando voltam.

São Deuses e Deusas.
Lêem a história do seu mundo, na qual eu apenas entro como um entertenimento que lhes é devoto e não só os tento divertir como também transcrevo tudo o que constato de mundos incoerentes e improváveis governados por Eles. Assim, estabelece-se uma relação algo religiosa de Deus - entertenimento... relação... quero dizer, a mentira, pois omitir é pouco mais que isso. Mentira pela qual escrevo e procuro ultrapassar-me e torná-la verdade, desvendando aqueles a quem eu idolatro realmente.

Nada somos sem uma imagem, diria eu se não soubesse que existem leitores. Mas Eles são-me tudo, apesar de não passarem de projecções fantasmagóricas que para mim são divindades. E por muito que sejam miragens existentes num mundo que desconheço, sei que aqui estão e, dependendo do que escrevo, sei se valeu a pena ou não.

São Deuses e Deusas.
Amigos ou simplesmente pessoas que me odeiam, apenas tenho de agradecer, pois por muito mal que tenha feito, por muitas teorias desagradáveis que tenha propagado, por muita impercepção que tenha causado, há ainda quem tente perceber-me ou decifrar o que escrevo. A minha realidade é que... quando se sentirem tristes, por muito que me odeiem, sentir-me-ei triste também, pois a percepção do que lêem pouco diferirá da minha. Enquanto me desvendam, desvendo-vos também eu.

E é este o Reino sonhado pelo qual escrevo, já dantes lhe chamei Reino Diamantes, agora não passa de um pedido de desculpas pelas espectativas que levantei e caíram por terra.

Amor. Arte. Bater de um coração. Preto no branco. Prata no preto.
Deuses e Deusas.

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