olhos honestos

honestos, honestos, tão porcamente honestos olhos, esses olhos castanhos que outrora idolatrei e agora são altar de adoração de outrém. esses olhos castanhos, honestos olhos castanhos, para uma boca tão porcamente cheia de mentiras honestas. e uma e outra, sempre a enganar, a adiar o inadiável, para fingires me amar quando tudo para mim era tudo e para ti, esse tudo era a merda de um espelho a que olhavas e onde eu pensava veres o meu reflexo na outra metade de ti, quando, na verdade te vias a ti e aos ideais parvos que defendias de um futuro melhor. quando eu apenas e simplesmente quero um futuro melhor para uma humanidade liberada, tu preocupas-te contigo e com o dinheiro que vais ganhar no fim, eu preocupo-me em libertar uma sociedade de canônes e ideologias elevadas, sendo isto irónico só de si, visto que procuro eu mesmo vestir-me bem e não dar nas vistas pela negativa.

enganaste-me outra vez com esses olhos honestos e a tua porca boca cheia de honestas mentiras.

outubro de 93, falta menos que já faltou e se tivesse um desejo... oh que desejo seria esse, a recuperação de um reino que me custou mais a destruir que a construir e mesmo assim, dei-me ao esforço. tinhas olhos castanhos penetrantes como ninguém mais tinha e oh se eu me perdia neles. lá tinha as tais certezas de tudo ser tudo e não a minha tal falsidade que não me permitia admitir sentimentos tão honestos de minha parte. quando os teus... quais teus? eu pensava que eu estava mal num mundo de bem quando o mundo de mal é que estava de cenário nas cenas em que eu entrava. era uma grande obra, cheia de actos e cenas em que, estranhamente, partilhavamos actos mas nunca contracenávamos por medo e incerteza do cenário em que te vias, com medo do que não tinhas, a zelar por sentimentos que nunca tiveste, desonestamente quebrando-me.

e depois passou tudo para o físico.

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