baptism.

"as crónicas são tão ilusórias"

batiam-me com chicotes. agarraram-me que nem correntes. prenderam-me contra paredes.
a água escorreu-me pela cabeça, desceu o meu corpo, murmuravam palavras que desconhecia (conhecia lá eu palavras).
introduziram-me ao povo que lá estava.
era o meu baptismo.


batiam-me com chicotes, faziam-me crer no incrível, deixaram as cicatrizes e hoje ainda creio no inexistente.
creio no etéreo, na vida depois da morte, na entidade divina, deus supremo. caí no deísmo, caí na religião mais certa.
mostraram-me a quem era deus.
era o meu baptismo.


agarraram-me que nem correntes, provaram-me o improvável, mistérios para além da natureza e agora tudo tem uma explicação, terrestre ou não.
não sou estúpido, não caio em esparrelas simples, tudo o que dantes me tinham ensinado e culpado a deus, aprendi a culpar na ciência, excepto o inexplicável, há que dividir ciência e religião.
aprendi o que ele fazia.
era o meu baptismo.


prenderam-me contra paredes, mostraram-me a explicação de tudo, como as pessoas são pessoas e os espíritos existem, filosofias do existencialismo.
descobri sozinho que tudo o que os humanos fazem ou inventam existe, que tudo tem um significado na sua projecção. aprendi que o amor próprio faz o amor aos outros e que não somos nada sem nós mesmos, sem a nossa aceitação, sem os nossos defeitos e vidas.
aceitei o mundo.
era o meu baptismo.


"estou de cabeça mergulhada em água"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Antígona de Gelo

Furacão de Esmeraldas