thirteen.

e quem tem amnésia, deixem-me lembrar-vos que as palavras sérias são inesquecíveis, que cada sílaba dita não é passível de ser retirada.

i.
medos e alegrias me vieram. ainda alguma vergonha de mim mesmo, custa-me saber que a aceitação nem sempre terá sido o meu dom. quem é que nunca tentou escrever uma história com personagens irreais sobre o que realmente se passava na sua vida? as ervas daninhas eram as personagens que por muito arrancasse... voltavam sempre. e apesar das ervas daninhas terem sido em grande parte expelidas, houve ciúme.
todo o ódio tem o seu quê de gosto.

vi-me a criticar o que mais amo, aquilo que outros conseguiram apesar da falta de qualidade - a literatura pop. referi-me a Margarida Rebelo Pinto que apaixonou jovens sem dizer nada nas suas entrelíneas, estudou-os, com certeza e conseguiu fazer o que queria... sem muita qualidade.
a cultura pop nunca será deixada de parte.

continuava perseguido pelo passado, sorvia cafés a olhar para quem amara. comecei a desenvolver um gosto que já vinha desde há muito... pela morte, pela passagem, os medos que traz, os quês e os porquês... e o álcool já me acompanhava, não na quantidade actual.
a verdade é uma constante temerosa... a realidade por sua vez... tem a sua incredibilidade.

ii.
Frei Luís de Sousa é uma obra sobre a qual reconheço perfeição. os motivos bíblicos já existiam na minha escrita. e a clepsydra marcou uma passagem, uma recuperação de uma desnecessidade. a vaidade... apareceu aqui... rasguei-a. e as memórias... as memórias... de modo algum voltaram a ser sentidas.
amor, não está em nós dá-lo, nem quitá-lo. Almeida Garrett

iii.
os textos filosóficos foram por algum tempo um dos meus maiores fortes, o que eu penso é fácil de transmitir... o que sinto, porém... inexplicável, sempre. o tempo urge e o tempo que é suposto consagrar à descrição de sentimentos passa antes de começar.
eu tive em tempos um império, um reino, o que lhe queiram chamar - eu chamei-lhe fama, inocente. caíu.

iv.
a cultura hoje em dia não pode renegar as suas origens. tudo o que fazemos são representações do que outros fizeram antes de nós - falar é imitar sons que os outros dizem. para mim a ideia da morte é a principal influência - e muitos já morreram antes de mim, se não morressem, porque haveria eu de escrever sobre a morte?
a morte é inexoravelmente eterna.

o choque começou a entrar na minha cabeça - se já todas as coisas foram feitas, tenho de mudar a forma como as faço para conseguir criar impacto. foram feitas comparações insólitas, metáforas negras, sexo, assassínios, tudo criou o meu ambiente perfeito de arte.
não minto quando digo que não escrevo sobre o que não sei.

v.
a vida é feita de pessoas, umas delas são importantes, outras perdem importância - ainda importantes, fiz-lhes um hino que mais tarde utilizei apenas como uma demonstração de o que para mim é arte. "crap" foi a resposta, o que eu escrevia era definido por isso... pouco depois dei-lhes o que queriam, escrevi "crap" para os pobres e mal-agradecidos.
mais mentiras sobre mundos que nunca existiram, nunca vão existir.

necrofilia.
há um cadáver na minha cama.

vi.
peça filosófica, blame game. é a história de uma alma que se dividiu entre bem e mal e cujo corpo está em coma. no sofre as consequências, é enganada e quando acorda, a parte má torna-se boa.
tudo está ligado.

vii.
vivemos uma realidade por vezes avessa à verdade e vice-versa. as músicas activam reminiscências. as pessoas lembram músicas. ciclos viciosos.
não precisava de álcool nem de drogas, sentia-me bem só por ti.


alguém dança sobre a minha sepultura. outrem desenha mapas com o meu nome em letras maiúsculas. mas quem são eles para me dizer como me devo sentir? reis de tudo.
esta é agora a tua vida, morre enterrado vivo.

viii.
memórias, memórias, memórias. memórias de memórias. as pessoas que enterrei mereceram-no, merecem sempre, nada que eu faço fica injustificado, há uma perfeição a seguir, uma ambição a cumprir. queimei a inocente nos fogos do inferno, tive sonhos bolha.
as memórias fazem as pessoas. as pessoas fazem mais memórias.

do outro lado do espelho estão as respostas às nossas vidas.
a minha religião sou eu.

ix.
criei mais uma dimensão espiritual ligada às penas, prendi males em pirâmides fechadas, uma evolução nos enterros dos vivos. sete anéis deram que falar, a dimensão da verdade não é aceite pelas pessoas.
não preciso de um para-quedas enquanto os tiver.


x.
a criatividade é feita a partir de mensagens a transmitir, cunhos pessoais e barrocos. daí promessas cumpridas, chuvas caídas, mentiras ouvidas. as drogas acompanharam-me mais que nunca, nestes tempos sangrentos.
nunca dei a mim mesmo o prazer de dizer "está tudo perfeito."

xi.
projectos e projectos, a vida académica sobrepôs-se à artística e criei um projecto artístico. tudo foi preparado com minuciosidade, muita coisa correu como esperada, outras não. a esperança só por si não faz os destinos, o sorrir e o crer não chega para mudar o mundo - precisa-se de movimento.
é-me destinado o Inferno / por perdoar o imperdoável.

xii.
existe algo místico na altura do Natal. dei por mim a aceitar a loucura que me cria e que cria por mim. recusei os venenos da realidade. fiz de propósito - medo e terror, tal como me apontaram. reacendi sentimentos perdidos, a vaidade possuiu-me. paixão pelo meu santuário.
estou de cabeça mergulhada em água.

xiii.
somos feitos pelas nossas inspirações, a nossa loucura torna as inspirações em algo novo, nosso.
há a sobriedade louca e a ebriedade louca... sinto-me possuído pela primeira, a segunda é um recurso estilístico.
a loucura e os vícios mantiveram-me tão sóbrio.
os sentimentos vingam de suas estranhas formas.
se me odeias, eu amo-te - tira fotos, torna-me famoso.
a minha religião sou eu.
não sou eu que estou perdido, tu, por outro lado, passas os dias a desenhar mapas com o meu nome em maiúsculas.
o meu coração é meu, de mais ninguém.

Florence + The Machine. Avenged Sevenfold. Within Temptation. Nirvana. Evanescence. Lady Gaga. 
Sara Bareilles. Rihanna. Simon Curtis. Joy Division. Crystal Castles. Cheryl Cole. Guns N' Roses. 
Maroon 5. Muse. The Raconteurs. Crush 40. Lady Antebellum. Fato/Feto. The All-American Rejects. 
Mika. Green Day. Eyes Set to Kill. David Bowie. Queen. Ashley Tisdale. Paramore. 
Utada Hikaru. Anastacia. Duffy. Cascada. Crazy Town.

Lewis Carroll. Rowlling. Tolkien. Jorge Luís Borges. Fernando Pessoa. José Gil. Michael Ende.

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