Glacial Lacrimal.


Em nenhum lado deste mundo está escrito que temos o direito a odiar. Não o temos. É errado e é isso que deve ser odiado.

É isso que me congela as lágrimas.

Esta é a minha promessa, de lutar pelo amor e por todos em detrimento de qualquer forma expressa de ódio, seja ela implícita ou explícita. É esta a minha palavra, que o mundo um dia será melhor, e não serei só eu a dizê-la.

Professo a minha fé no mundo melhor - mando os flocos de neve que me caíram dos olhos ao mar e espero que limpem o sujo. Por muito ímpuras que sejam as minhas lágrimas de ódios passados, é delas que me quero livrar. Já chorei demais, já todos sentimos na pele - ninguém é santo, ninguém é o que faz de si. Todos merecemos o mesmo mundo em que vivemos e todos merecemos viver bem e amar nele.

A nossa fronteira não é o horizonte, a infinidade percorre o resto do universo, a ideia faz de nós o nosso maior sonho e a mente realiza-o enquanto dormimos.

Pelos que me magoaram espero, pelos que me adoram espero. Se me odeias, eu amo e agradeço-te por isso, fina-me antes a mim que a qualquer outro.

Este é o meu Glacial Lacrimal, o santuário da dor congelada. O lugar puro dos sem-rancores. Visito-o frequentemente para deixar cubos de gelo - manter a memória viva e preservada neste gelo. Chove dos meus olhos, lágrimas geladas, feridas que custam a sarar, cortes que dão prazer ao fazer.

É o Glacial Lacrimal, o espaço da minha insegurança, o meu castelo de gelo, o meu coração ao peito.

Lanço as minhas últimas lágrimas ao mar. Como peixes, sei que vão nadar sozinhas. Vão ser bebidas por outra pessoa, sentirá a minha dor e mudará - este é o meu mundo, o meu reino, a minha vida, este é o meu Glacial Lacrimal que quero que derretam, o meu e o vosso, o mundo é Nosso. Amem-no.

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