Legitimidade.

O que é que eu fiz?
O que é que eu fiz?
O que é que eu fiz?


O que é que eu fiz para não merecer o mundo. Porque é que, mesmo se eu afectar toda a gente que exista, me vai parecer que não chega, que a minha mensagem não passou. São nuvens no meu coração de medo, são nuvens do medo de não atingir a fama - se já tenho a má, quero torná-la boa.

E viro mesas e parto pratos e puxo as toalhas. E sujo o chão e rebolo nos estilhaços e magoo-me desnecessariamente.

Livro-me da integridade, vomito a alma aos media para conseguir que todos falem de mim e do que faço. Mas a que custo? Não é a integridade que se perde mas sim a mensagem - há uma ligação maior às pessoas pelo que fazem do que pelo que pensam. Se eu beijar os pés a quem mais me odeia metaforicamente, agradecendo-lhe pela inspiração que me deu; e depois aparecer nu numa entrevista expondo-me ao mundo como ele me fez, as pessoas vão falar do corpo e não do amor.

Eu disse a mim mesmo várias vezes: a tua mãe carregou o rei na barriga nove meses, é impossível agradeceres-lhe isso com o simples trabalho que fazes. Mantém a tua legitimidade, não atraiçoes quem mais te ama, dá ao mundo o que te deram a ti, toda a crença e esperança. E é isso que quero fazer.

Quando me apercebi de que as pessoas não são livres eu peguei na jaula e roí os metais até derreterem.

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