Essência Infernal.

Não tenhas pena de mim. Não sou tão solitário como pareço. Eu vivo a minha loucura comigo mesmo.


Quando atirarem as primeiras pedras estarei pronto. Na solidão desta insegurança, o meu mundo pequeno e só da minha alma. Assim me apedrejarem pela libertinagem que não exibo, vou abrir os braços e defender tudo o que merece. Sejam eles os mais ímpios e criminosos, os que erraram por justa causa. E sou Cristo que morre pelos pecadores. Sangro injustiça, o caos em meu nome e apenas na direcção do meu corpo.

Quando Lúcifer e Elohim matarem o Rei do seu Trono e declararem guerra a qualquer diferença, vou respeitá-los como me desrespeitaram a mim. Não estou pronto a morrer, nenhum de nós está. É assim que marcamos a diferença: humanos tristes que morrem por nós, deuses e deusas na nossa diferença.

Caminho por cima do fogo que queima os crentes sem o sentir. Em direcção a uma campa cujo epitáfio é escrito a letras carmim. Corro as mãos pelas letras relevadas e penso que nada disto vale a pena, que a morte sim é um castigo e que só o merece que não preza a vida. Sinto-me um vilão a pensar, sinto-me mais demoníaco que o Hitler... mas na minha mente vive a razão.

Não sou deus, não sou nada. Não sou santo e ainda não sou pecador. Garantem-me o Inferno e trago-os presos à minha mota, arrastados pela escadaria de cimento negro, esfolados e despedaçados, vou curá-los com absinto e deixá-los prontos às portas do Inferno. Nem Dante imagina o que lhes espera e não é Judas o fim.

Não há muito de que me certificar, assassino nato, mato o ódio, vomito arco-íris e purpurina. E agora falo para os surdos, cépticos conservadores deste mundo, mais papistas que o seu papa do genocídio: se é a morte que desejam é a morte que vos dou, ou passem a ignorar as minhas dentadas na vossa política.

Na fronteira do horizonte jaz o crepúsculo, visor da minha visão: o mundo não é nem preto nem branco e o cinzento não dura assim tanto.

Comentários

  1. Tiago, eu já te tinha dito. Este texto está mesmo fantástico! E, sim, irás ser reconhecido. Merece-lo, sem sombra de dúvida!
    E não me contraries ;)

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  2. vou-te contrariar sempre até essa mentira se tornar realidade

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