Seringas e Diamantes.


Um dia disseram-me que eu nunca seria o herói do que quer que fosse... mas que era provável acabar metido na heroína... e aqui estou.

Perco as virtudes para atravessar a linha de perigo e medo, quero o prazer e depois a dor, quero temer e ver cada cor - são os meus vícios e por muito que me apunhalem as costas da vida, quero passar por eles, a cada cigarro, um acto jaculatório, a cada ácido (derrete a mente), sinto-me mais coerente.

Como se fosse por aceitação, não uso um cigarro na mão para me respeitarem, simplesmente já não mo conseguem tirar - foi a primeira traição, saber que me perdi. Apaixonei-me pela perdição, fumos e fumos e por vezes ilícitos fumos - quando entramos numa casa de espelhos e nos perdemos nela, a nossa vaidade desfaz-se em vidros derretidos que nos horrorizam e nos fazem procurar a saída, aventurando-nos aos mais profundos abismos do nosso raciocínio.

São seringas e a riqueza está neste desprender da mente do mundo - quero sentir-me no céu, I'll be flying high with Lucy in the Sky with Diamonds. As cores são simples, heterogéneas e lindas, as nuvens são rosa e o céu amarelo, o mar onde nado é vermelho e a areia é azul - este surrealismo é tão, mas tão bonito, quero levar o mundo no meu bolso para casa.

Chegar a casa? Impossível, inadmissível, mas imprescindível, acho que já falei com cinco portas e nenhuma delas me reconheceu. Os óculos são caleidoscópios e estou mais perdido que um animal selvagem na cidade...

Quando desci com Lúcia do Céu dos Diamantes e cheguei a casa, vi o meu televisor LCD e trinquei-o... algo estava mal.

Comentários

  1. A sério, este texto é tãaao bom! Muito, muito bom! Adoro Tiago :D

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  2. Wooooow!! Está excelente! Qualquer dia tenho que exprimentar, fascinante.

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