Celebração da Corrupção.

Catarse da perdição. Ebriedade sóbria. Perdem os corruptos num país de viciados.

" Também perdi, mas não digam a ninguém. É falta quando perco, mas talento incomparável quando ganho. A corrida começou e furo os pneus aos adversários, ponho-lhes um pé à frente enquanto os cego com o fumo do cigarro que não sei fumar. Por debaixo da minha camisola está o cutelo que lhes vai cortar as pernas. Eu em primeiro, os outros não merecem pisar o chão que eu deixo para trás. "

Sou um vómito de deus e aqui cuspo o meu crânio:
Favoritismos? Quem falou deles? Odeio quando me falam da realidade, quero sonhar em noites quentes de Junho, noites estrelada de comemoração de amor e felicidade pela excelência em que vivemos. O presunçoso serei eu quando os coros ecoarem com as minhas palavras guturais e demoníacas, mórbidas e sinistras, quando nada mais ouvirem que a minha palavra, rainha de uma geração a gritar-vos aos ouvidos.

" Perdi, mas as regras do jogo são minhas. Serei parte da comissão de quem ganhou pelo reconhecimento enquanto os verdadeiros derrotados desdenham o meu lugar e eu lhes sorrio de orelha a orelha, eu sim estou com o vencedor. Afoguem-se em vinho tinto e perfumes baratos enquanto eu bebo whisky (que nojo) e visto a última moda (que acho desprezível). Vou amar-te enquanto governares o mundo, enquanto o ódio é só e vago. "

Sexo ao som do baixo e aqui grito a minha balada:
Sou amante de metal pesado, eu faço e digo o que quero. É esta a minha mentalidade de artista: que o vago nunca será a minha paixão.Imbuir o medo e ensinar o verdadeiro, não há vida sem morte, tal como não há loucura sem sanidade, tal como o sangue é o simples líquido que corre nas nossas veias. As minhas lágrimas são álcool puro e as metáforas do meu coração podiam ser as bases de uma legião. Sem preto não há branco, sem perdedores não há vencedores. E assim deixo o solo da guitarra que é a minha caneta e as mensagens vou passar. As repetições não são pleonasmos, são a música do meu cérebro e eu vou vomitar a mente sempre que eu quiser.

" Não ganhou nem nunca vai ganhar. Nojo vivo, patético pedaço de esgoto, é a nossa celebração - não é a tua. Meu vencedor, também aqui estou, olha para mim, apoiei-te no ganho. Aquele, por outro lado, não ganhou agora nem nunca na vida vai ser como tu - que me tens aqui ao teu lado, como sabes. Aqueles barulhos e gritos nojentos nunca serão arte. Olho para ele e sorrio, vê-me aqui, rainha sem coroa do trono que não tenho e responde-me, quem é que é melhor afinal? "

Dou a minha vida pelo whisky e absinto, os meus lábios percorrem cabelos loiros.
Não estou nem nunca vou estar pronto para a morte, aguarda-me a eternidade auto-proclamada. Vou reinar no inferno como já o disse, mas não vou abandonar o mundo sozinho: vou abrir os portões do abismo com uma guitarra eléctrica em forma de chave. Vamos todos fazer uma orgia no Inferno e deixar os santos vencedores ganhar o seu mundo da simplicidade - essa sim, vaga. Nada contra quem ganhou, eu só odeio a puta do governo. 

" Eu posso ser boa, eu posso prender o cabelo, posso ser sexo a não ser que só me queiras dar a mão. Claro que queres ter sexo comigo, vou ser uma toda só para ti - o meu corpo em troca da rePUTAção.Tenho comigo a chave do sucesso, trago comigo quem me vai abrir as portas em troca do meu sexo, toda a gente quer " Se calhar ele não quer a tua vagina. " alguém como eu. "

Eu não quero saber das vossas certezas, eu sei a verdade. Não ganhei e não perdi. Sou um nojo, um anormal, uma ruína, um pobre, um nerd, de tão baixo nível que me estou a lixar. São esses vencedores que vão engolir o fumo da minha indústria, carregar as minhas pastilhas cuspidas nas suas testas. Não vou viver na sombra de ninguém se à minha frente tenho a coroa luminosa da minha mania: o sucesso. Eu não sou o veículo de segundos nem terceiros, sou o veículo da minha mente, o motor de uma nova geração, numa auto-estrada por atropelar. 

Choro tinta por essa geração, não choro por hierarquias porque o meu lugar é debaixo do chão, ao lado de cabedal, correntes e cruzes, drogas, sexo e música, licores e brigas em bares. Sou por mim antes que pelos outros e em mim tenho almas de perdedores que ganharam o jogo da vida. A minha personalidade está pela aceitação e esse meu poder contra a corrupção.

Vou dançar, celebrar sussurros de ventos e brindes. Não sou um falso ideário, na tinta da minha caneta corre sangue escorrido de ideias e ossos. O meu cérebro, derretido de ácidos e absintos tem uma última palavra a dar: há demasiada pouca água no mundo para eu gastar as minhas lágrimas a lavar merda.

Eu não quero ser famoso, eu quero que a fama seja eu.

Comentários

  1. Prezado Tiago Filipe,

    É com muita pena nossa que comunicamos o falecimento do seu seguidor Tiago Alves. A triste ocorrência deveu-se a uma falha mental após uma leitura deste seu último texto, portanto aqui estamos, pedindo-lhe uma indemnização pelo acontecimento.
    A falha foi originada por extremo pensar em palavras que existam para descrever cada um dos seus textos, dado que todas já foram utilizadas e todas não podiam ser, de novo, ditas, apesar de serem apropriadas ao caso.
    Esperando a sua mais sincera compreensão.

    A funerária.

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  2. simplesmente deixa de comentar Tiago, eu sei que me apoias ;)

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