literatura pop

e hoje nem chove.


"pour un coeur qui s'ennuie,
o le chant de la pluie!"
Verlaine

ó, o canto da chuva. são estas subtilezas completamente previsíveis que me fazem pensar "não há nada de jeito para ler?". vá que há quem encontre livros bastante interessantes e congratulo a patrícia por isso, ainda lhe pedirei emprestado A Revolução Electrónica. ela sim tem um gosto tão requintado ou mais que o meu, a cultura do choque e da impressão, do que ninguém espera ou que a sociedade refuta. claro que não fui bem visto por ter escrito ou melhor, reescrito que uma tal loira lavanda me fazia tocar e que não me bastava vê-la, sem me dizerem "tu não podes escrever isto" ou "tu tocas-te? oO", como queiram, a sociedade aind não está preparada para metade do que já se escreve ou ouve, pois todos os dias se ouve falar de um "got a big ego, such a huge ego, I love his big ego" e ninguém percebe a metáfora, todos os dias se ouve "all of the boys and all of the girls are begging to if you seek amy" e ninguém percebe. porquê? as pessoas são subtis ao ponto de passar uma mensagem que fica no ouvido, sem passar a mensagem que desejam que é a do choque. claro que too big ego se relaciona a um pénis e if you seek amy significa fodam-me.

mas as pessoas não analisam nada e estamos numa sociedade completamente entravada quanto ao desenvolvimento, não mais que a nobreza antes da revolução francesa, hoje temos a preguiça antes de revolução alguma pois ninguém vai revolucionar pelo choque. qual quê, com uma sociedade de tais valores tradicionais que temos, alguma vez podemos querer ouvir choque. não estou a falar de um choque totalitário, quero dizer, a toda a hora, em todo o lado, falo de um choque artístico, como toda a arte que só alguns chegam onde devem chegar e agradeço que só alguns lá cheguem e talvez eu nem lá chegue, talvez nem passe de um poser. não vou enveredar pelos posers, todos sabem que os existem. esses não passarão de tal patamar. mas por favor, a sociedade tem de melhorar e subir numa escala de aceitação.

estou farto da senhora margarida rebelo pinto que tem a mania que escreve frases 'bonitas', passo a expressão, como "pinto as coisas como as imagino e não como as vejo". estou farto de escrita pop que, tal como todo o pop baixo e não requintado, é nojento, horrível e remete para uma igualdade aos jonas brothers. nada contra tais, até gosto de algumas, o que remete para a minha infantilidade, mas não gosto que as pessoas se sintam enganadas por erudições não eruditas que não implicam nada mais que o mundo normal. analisemos a frase escolhida da tal senhora - remete para um cenário onírico (de sonho), que toda a gente gosta por vezes, NADA MAIS, lamento, ponto final, mude de assunto. percebem? as frases dela não passam de redundâncias subtis que remetem para o que está lá escrito e não trabalham a imaginação nem a capacidade analítica de ser algum. fernando pessoa suicidar-se-ia se ainda fosse vivo e lesse o que quer que fosse de tal senhora, sim, penso já ter dito isto, mas digo-o outra vez, ele suicidar-se-ia.

agora, um pedido de desculpas pois a minha argumentação foi forte mas não vem de um crítico de qualquer espécie, eu não sou leitor ávido que seja para dizer metade do que disse, visto que li meia estante de livros e mesmo assim não acho minimamente coisa alguma de jeito para se ler a não ser literatura pop. os livros que já li não me fazem pensar num mundo, fazem me pensar no mundo e na desgraça a que a literatura está sujeita. estou farto de histórias secas de casais que se encontram, apaixonam-se, há uma terceira, separam-se, a terceira morre, voltam a juntar-se e casam-se e felizes para sempre woohoo. estou farto de um vilão que pretende imortalidade e há um protagonista que lha tira, mesmo depois de já a ter conseguido. estou farto de poemas que falam do mar e o conotam com amor. estou farto de gente a chorar sem mais nem menos e a escrever que choram.

novamente, remeto para a cultura do choque, os livros de ficção científica nem aí chegam. quero crueza na escrita, quero mortes dolorosas e sentidas, quero sexo descrito, quero coisas que, por mais comuns que sejam, dêem que pensar. quero frases que imponham pensamento, quero escritores como tolkien e quero muita coisa que por este andar nunca lá chegarei. perdoem o meu desabafo, é a vida de um leitor mimado e requintado que não recebe metade do que quer. se querem saber porque leio tão pouco, culpem a literatura pop e doem-na para bibliotecas. não posso mais com ela. quero um mundo conotado e não o mundo denotado.


"É essa a distinção crucial entre os homens e os outros animais. A escrita." (William Burrough - A Revolução Electrónica)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Estalactite

Antígona de Gelo

Furacão de Esmeraldas