hurt. / mercy.

mas há tantas dores que nem tu nem o tempo alguma vez vão apagar...

por ti:

a minha mão em frente às lâminas mais afiadas.

o álcool a sarar-me as feridas de um corpo rasgado.

morrer afogado, mesmo prestes a respirar.

arder no pior dos infernos se dele te livrar.

estar a um passo do mais belo paraíso e cair para o pior dos purgatórios.

se o meu sangue te curar de algo, tirá-lo-ei eu mesmo do corpo.

a pior das dores eu quero sentí-la para manter a tua sanidade.

seguir até às cataratas do mundo, percorrer gelos e ardores.

depenar os anjos, ser sulcado pelas suas mais luminosas espadas.

sentir o finar do coração, da alma e da mente; o maior veneno.

ser morto injustamente, desde que te veja os olhos uma derradeira vez.

se por ti não conseguir viver, outro alguém o há-de fazer.

ver as mais negras nuvens rodear-me, esticar-me a cada flash.

perder os sentidos para o gélido fim da noite e do dia de tudo.

carregar a mais pesada cruz, como a que carreguei até te encontrar.

um torniquete a rasgar-me o pulso lenta e dolorosamente.


todo o sofrer desaparece, não agonizo.
tão só quero que continues a fazer do meu coração um lugar melhor. 
não, eu não estou magoado, muito pelo contrário.

a dor não magoa quando é tudo o que alguma vez sentiste. 

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