"née Black."


 Vou dizer-lhes que a minha religião és tu. 
Eu não choro por ti.

A depravação é a vitimização do mundo e enquanto respiraste podia sentir-me seguro. A humanidade e a brutalidade colidiram ao vislumbrar o partir de uma peça de arte. A minha última e melhor tenente - eu nunca amei. Não quis matar por ti, vinguei pelo que me tinham perdido - quando vieram e mataram a serpente, senti a saudade pela primeira vez. Nunca estive pronto para morrer.

Vivias sentada num trono de correntes e choques eléctricos enquanto defendias o meu nome. Pronta a morrer por quem nunca acreditou na morte. Só eu posso viver para sempre. Só eu vejo os corações alheios implorarem a libertação enquanto se torturam a si mesmos. Foste a cabra que sempre lutou pelo Mal Maior. E morrer às mãos da traição de sangue é uma forma tão nojenta de morrer.

Quando vi a última réstia de ti soltei um pranto sem reparar - o terror fugiu-me sem explicação. Vulnerável, ódio e orgulho. Imortalizado na história, nunca vivi para sempre. Prazer quando te ouvia rir, pavor quando te vi respirar uma última vez. Excruciante dor nocturna, a confiança na infinidade da escuridão. Quando partiste, o pensamento desistiu de existir.
 
Por debaixo da pele um esqueleto, dentro da mente um defunto.

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