O Reino. ii

Matrimónios nocturnos
e coroam-se os milagres,
a humanidade sem preciosidade,
mais uma vez toma a hóstia.
Pisa os ventos da ampulheta,
vivemos presos numa praia sem mar.
Desejo e vingança, recorrências,
de sangue nas veias, são correntes,
mil perfeitas razões
eu amo vícios sem virtudes.

Os esqueletos em minha direcção - morte anunciada,
assim se esvai o sangue percorrendo um corredor.
Liberdade e amor, vamos fugir daqui, fujam sem mim.
O preconceito, tal como Jesus preto - é um cliché.
Saremos os pecados do demónio,
custa mais não perdoar.
Rei deste meu trono, fumo cigarros sem preço,
abraço quem me apedrejou,
entrego-lhes as minhas mãos cheias de pedras,
para nunca mais voltar a sangrar.

Enterrado numa multidão de prostitutas,
desejam, caprichosas, as minhas roupas - estou nú.
Ansiosas por me mirar de cima,
só porque desrespeito as merdas da sociedade,
Luto pela vida.
Estupram-se os puritanos.

4:46 AM
São as lágrimas de um povo,
Escorro petróleo de uma pena,
Saltos altos e rixas em bares.
De pancadaria a tiros,
Vivências, constantes óbitos,
Numa eléctrica metrópole.
4:47 AM
O néon deixou de brilhar.

Assalto-te a cegueira,
Roubo-te as vozes que escrevem nomes na minha testa.
Vives a religiosidade do cepticismo.
Amaldiçoo mortos por quem nunca vou morrer.
Alguém me mostre ao mundo,
Sozinho eu não brilho no escuro.

Pari a crença no incerto,
insensato reino do amor.
Soldados desistiram de tudo para amar,
um dia vou devolver obsessão e fama
e convosco ver tudo desvanecer.

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