cannibal.

RAH!


Sangue... demasiado sangue. A noite não é fria nem quente, eu não estou em mim, eu não sei o que faço. Estes momentos na minha vida... são os momentos cujo passado e futuro desconheço. Dou por mim a morder, a pôr os dedos para trás como que garras, a arranhar corpos e devorá-los.

É triste? Tudo é triste, eu posso ser mais. Não sei como entro nem como saio deste cenário da gula, só sei que este quarto nada em sangue.

O corpo? Está no chão, era uma prostituta, vendia-se à esquina da igreja... e já não é a primeira. Não me lembro de ter tido sexo com ela, tanto me faz, tanto me fez, eu tenho é FOME. E mordo e rasgo e sugo o seu sangue.

Eu tenho coração, eu juro que tenho... só que por vezes saio de mim mesmo e só volto quando como carne humana.

Eu sou canibal. E cada um é como é. Só por comer os da minha espécie... será que isso me torna menos humano? Será que só os devia comer quando estão mortos? Amar demais leva à loucura, e a loucura à involuntariedade. Delicio-me com os sabores carnais, é o maior prazer alimentar-me de texturas e líquidos, comer carnes e roer ossos, de tudo o que enojaria uma pessoa normal.

A minha pele não é gélida, é igual à vossa.
Os meus olhos não vêem mais que os vossos.
Tenho duas pernas e dois braços, um corpo “normal,” como o vosso.
Os meus caninos são do tamanho dos vossos.
Só tenho um desejo pecaminoso pela carne humana.

Não é o lumiar de velas que me excita, não é a dor que sinto quando me batem, nem são os mais bonitos seios – é o cheiro a carne, o delicioso cheiro do que realmente é profano e inadmissível, que alguns pregam como se fossem profundos. Diria até que enfiam ideias pelos pescoços das pessoas. Eu não, eu não deixo sobrar pescoços, apenas ossos.

E se fosse só por uma noite? Deixar o animal interior viver e morrer? Uma só noite? Mas é assim que todos os vícios começam. Uma pessoa experimenta uma coisa nova uma vez e prende-se inexoravelmente se gosta.

Eu como pessoas quando não sou eu e quando tenho sede bebo-lhes o sangue. 


EU, SIM, PRECISO DO TEU SANGUE...EU PRECISO DE TI... EU AVISEI-TE...

RAH!

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